quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Catar 2022: Fatos e números de uma Copa do Mundo artificial

Se havia alguma dúvida sobre qual o único fator importante na escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022 pela Fifa, ela foi desfeita hoje. As opções por Rússia e Catar são meramente financeiras, e disfarçadas pela entidade com o discurso do "levar o futebol a novas fronteiras".

Apesar de surpreendente, a escolha da Rússia é aceitável. O país tem tradição no futebol, desde os tempos da União Soviética, uma liga que cresce de forma estável e tem condições para organizar um bom torneio, precisando apesar tratar de questões importantes como o transporte terrestre.

A opção pelo Catar é a de um Mundial artificial em um país minúsculo. Dinheiro não será problema para o maior exportador de gás natural liquefeito do mundo. E por isso os delegados da Fifa levaram a Copa para o Oriente Médio, ignorando candidaturas fortes como Estados Unidos e Austrália.

Veja alguns números e fatos por trás da Copa no Catar:

Economia: A previsão de crescimento econômico do país é de 15,5 este ano e 21 por cento em 2011.

Investimento: É um país em obras. Nos próximos cinco anos, o Catar construirá uma rede ferroviária de US$ 25 bilhões, novas estradas de US$ 20 bilhões, um novo aeroporto de US$ 11 bilhões e um porto de águas profundas de US$ 5,5 bilhões. Além de uma ligação do novo aeroporto com megaprojetos na parte norte de Doha, avaliada em US$ 1 bilhão.

Estádios: O orçamento para construção e reforma de estádios é de cerca de US$ 3 bilhões. Serão 12 estádios, dos quais três reformados e os demais nove construídos. O estádio Lusail, que será feito para a abertura e a final, terá capacidade para 86 mil torcedores e será inteiramente cercado por água. A construção deve levar quatro anos e terminar em 2019. Alguns dos estádios serão desmontados após o Mundial e enviados para países em desenvolvimento.

Acomodação: Receber 32 delegações, seus torcedores e a imprensa internacional em um país pequeno é o desafio. Para atender às exigências da Fifa são necessários pelo menos 60 mil quartos de hotel. Atualmente são 50 mil, mas os responsáveis pela candidatura prometem 95 mil até 2022.

Deslocamento: O Catar é o menor país a receber uma Copa do Mundo desde o Uruguai, em 1930. Dez dos doze estádios ficarão em um raio de 25 a 30 quilômetros. O plano é construir um sistema de metrô que interligue todos os estádios, fazendo com que o deslocamento máximo entre um e outro não supere uma hora.

Religião: Apesar de ser um país mais "ocidentalizado" que outros do Oriente Médio, o conservadorismo islâmico é motivo para preocupação. É proibida, por exemplo, a embriaguez em público - cena mais do que comum entre torcedores durante Copas do Mundo. A candidatura prometeu áreas específicas para o consumo de álcool durante o torneio. A homossexualidade também é criminalizada no país.

Política: O Catar, como outras nações islâmicas, não reconhece o estado de Israel. Uma eventual classificação do país poderia criar problemas. A candidatura do Catar prometia permitir a participação israelense. Em 2008, houve polêmica pela participação da tenista isralenese Shahar Peer em um torneio no país.

Calor: A Copa será disputada em um período de temperaturas que chegam a 50 graus centígrados. A proposta é construir estádios climatizados com tecnologia "verde", sem emissão de carbono. A energia solar seria utilizada para que a temperatura nos estádios ficasse em torno de 27 graus.

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