sábado, 9 de abril de 2011

Sócrates entra no Hall da Fama do Maracanã e deixa o seu "recado"Ex-meia diz que estádio do Corinthians é para tirar dinheiro do BNDESRio de Janeiro, RJ, 6 (AFI) – Vestindo calça jeans, uma camiseta preta e com uma fita na cabeça para segurar o cabelo cacheado, o ex-jogador Sócrates foi homenageado, nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro. Ele colocou os pés no “Hall da Fama” do Maracanã. Olhos fundos e escuros, Sócrates não escondeu ser um boêmio e apreciador de boas bebidas. Aos 57 anos, o paraense, de Belém, mostrou manter a lingua afiada.


Sócrates foi um jogador genial e diferenciado. Formado em medicina, começou a carreira no Botafogo , de Ribeirão Preto. De família tradicional tinha o futebol como hobby, mas depois virou um dos maiores ídolos do futebol brasileiro. Ganhou fama no Corinthians, chegou à seleção brasileira e participou da inesquecível seleção brasileira formada por Telê Santana que disputou a Copa da Espanha, em 1982.

Amor pela arte e pela vida
Atuou na Fiorentina, da Itália, mas sua carreira internacional foi encurtada por suas preferências culturais e pelas bebidas locais. Era um amante das artes e “das coisas boas da vida”, como as mulheres. Tanto que teve muitos relacionamentos e casamentos.

Na sua volta ao Brasil, quase vestiu a camisa da Ponte Preta, numa tentativa frustrada armada pelo narrador esportivo Luciano do Valle, no início dos anos 80. Depois, em final de carreira, atuou pelo Flamengo.

Seu irmão mais novo, Raí, não era tão genial, mas teve muito mais sucesso profissional do que ele. Passou por Botafogo-SP, Ponte Preta, São Paulo e seleção brasileira e atuou muitos anos no PSG da França.

Atuação política
Após o encerrar a carreira, Sócrates foi eleito pela Revista Placar em 2006, o único nome unânime na eleição do "Corinthians de Todos os Tempos". Foi também escolhido por unanimidade um dos dez maiores ídolos da história Corintiana. Foi considerado um dos maiores jogadores do século XX pelas revistas World Soccer, Placar, Venerdi's e Voetbal Internacional.

Fora do futebol, Sócrates manteve uma ativa participação política, participando da campanha Diretas Já, em 1984 e foi um dos principais idealizadores do movimento Democracia Corintiana, que reivindicava para os jogadores mais liberdade e mais influência nas decisões administrativas do clube.

Visual feio
Mesmo com um visual feio, Sócrates chamou a atenção da Imprensa. Ele agradeceu a homenagem e não titubeou em falar abertamente sobre tudo que pensa. Sobre o maracanã, para ele, a melhor lembrança foi mesmo a sua estréia pela Seleção Brasileira, em 17 de maio de 1979, diante do Paraguai. Mas ele não lembrava o nome do adversário.

“Não sei com quem foi o nosso jogo, mas fiquei emocionado. Vesti a camisa amarelinha mais de 400 vezes, mas a primeira a gente nunca esquece, especialmente no maracanã. Aqui parece o Coliseu (de Roma) mas sem os leões”.

O ex-jogador Sócrates já tinha sido homenageado no aniversário do Maracanã em 16 de junho de 2000, porém quase onze anos depois eternizou os seus pés na nova calçada da fama do estádio. O ex-atleta de Corinthians, Flamengo e Seleção Brasileira agradeceu a lembrança por tudo que fez pelo futebol e ficou lisonjeado por estar presente ao lado de outros grandes nomes do esporte, mas minimizou o fato de estar entre os 100 primeiros jogadores lembrados no hall da fama do ‘Maior do Mundo’.

Posições polêmicas
O ex-meia revelou que a melhor parceria que teve atuando no Maracanã foi com o ídolo rubro-negro, Zico, apesar de ter atuado apenas uma vez pelo Flamengo.

E sobre a renovação da Seleção promovida por Mano Menezes:

“A molecada está começando. Ainda é cedo para falar qualquer coisa em 2014. Mas se o caminho for por aí está melhor até então. Tenho saudade do futebol. Hoje só existe correria.”

Sócrates acha que o futebol hoje é “puramente físico, atlético” e que defende em sua tese de mestrado que cada time deveria ter apenas nove jogadores ao invés dos 11 atuais.

“Daí teríamos espaços e até os zagueiros teriam que saber jogar e não apenas rebater as bolas”, comentou.

Sócrates se diz totalmente favorável à implantação da tecnologia no futebol e disse não acreditar na construção do estádio do Corinthians para sediar a Copa de 2014.

“Apenas existe um projeto, se existe. A tendência é que seja um balão de ensaio para levar dinheiro do BNDES. É isso que sinto no momento.”

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