Em jogo tenso, Messi faz golaço, e Barcelona sai na frente do Real Madrid

Não foi o jogo que os amantes do futebol esperavam. Mas foi o jogo que se podia prever. Disputado, batalhado, duro, violento e com poucas ocasiões de gol. Do cenário de guerra no Bernabéu, saiu vitorioso o time que jogou mais futebol - ou que tentou jogar mais - e que tem o melhor jogador do mundo. O Barcelona ganhou do Real Madrid por 2 a 0 e agora está a um passo de se classificar para sua terceira final de Champions League em seis anos.

Messi foi o autor dos gols vitoriosos, quebrando a maldição de nunca ter marcado em jogos de semifinais de Champions. No primeiro, a jogada foi do holandês Afellay, que havia entrado no segundo tempo no lugar de Pedro. Ele recebeu pela direita, avançou para cima de Marcelo, invadiu a área e cruzou para o argentino fazer. O segundo, aos 42, saiu de uma brilhante jogada individual - Messi tem agora 11 gols na Champions, 52 na temporada.


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O Real Madrid não foi o mesmo time da final da Copa do Rei, especialmente no primeiro tempo. Marcou e fechou bem o meio de campo, mas sem pressionar tanto o Barcelona e sem criar ocasiões na frente. As únicas chances vieram de faltas do lado esquerdo do ataque, mas em duas delas Cristiano Ronaldo decidiu chutar - em vez de cruzar - e acertou a barreira.

No segundo tempo, com Adebayor no lugar do sumido Ozil, o Real melhorou a pressão e passou a roubar bolas perigosas. O jogo se desequilibrou com a expulsão de Pepe. O luso-brasileiro, que havia saído ileso dos dois jogos anteriores apesar de toda sua intensidade, deu uma entrada dura em Daniel Alves. O árbitro alemão Wolfgang Stark decidiu aplicar cartão vermelho diretamente, o que revoltou a torcida e o banco do Real Madrid. José Mourinho, aplaudindo ironicamente, também foi expulso.

Com 11 contra 10, assim como no jogo da liga, o Barcelona passou a dominar ainda mais a posse de bola. Mas ainda longe do gol de Casillas. A jogada individual de Afellay e os gols de Messi mudaram tudo, calaram o Bernabéu. Ou melhor, não completamente. Os três mil torcedores do Barcelona passaram a cantar "olé" e dominar o estádio do maior rival.

No jogo de volta, terça-feira, o Real Madrid precisa ganhar por dois gols de diferença. Se vencer por 2 a 0, leva para a prorrogação. Se vencer por 3 a 1 ou mais gols, estará na final.

O jogo

Mesmo com desfalques, o Barcelona iniciou o jogo no Bernabéu ao seu estilo, prendendo a bola e procurando espaços no paredão defensivo armado por José Mourinho. E a primeira chegada incisiva aconteceu aos 10 minutos com David Villa, que limpou Marcelo e Pepe e chutou de canhota, com perigo, à direita do gol defendido por Casillas.

Mantendo seu domínio no campo adversário, o time de Josep Guardiola assustou novamente aos 24 minutos, quando Messi deu passe dentro da área para Xavi, que bateu no canto esquerdo para boa defesa do goleiro merengue.

O Real Madrid chegou com perigo pela primeira vez na bola parada, já aos 34 minutos. Cristiano Ronaldo cruzou da esquerda, Pepe desviou, Valdés se antecipou a Sérgio Ramos e pegou firme.

Aos 38, a primeira grande confusão no gramado em Madri: Pedro é derrubado por Arbeloa, Daniel Alves é caçado por Özil, enquanto Piqué e Sérgio Ramos discutem rispidamente. Sobrou para Arbeloa, que recebeu cartão amarelo.

Na sequência, o Barcelona voltou a ter posse de bola e tentava chegar no gol do Real Madrid com troca de passes rápida entre Xavi, Messi e Villa, mas em vão. E outra confusão começou aos 44, após falta de Daniel Alves em Di María. Busquets foi acertado no rosto por Marcelo, que tentou proteger a bola, e os jogadores do Barça reclamaram.

Já nos acréscimos, a equipe de Mourinho quase fez: Cristiano Ronaldo chutou, Valdés espalmou para frente, Di María pegou o rebote, o goleiro defendeu novamente, mas o lance já estava parado por impedimento do argentino.

E a tensão voltou a tomar conta de todos na saída para os vestiários, com Keita, Pinto, Valdés e Milito discutindo com o delegado do Real Madrid, o ex-jogador Chendo. O goleiro reserva do Barcelona acabou sendo expulso pelo árbitro alemão Wolfgang Stark.

No início da etapa final, bela troca de passes do Barça, Pedro cruza para o meio da área, Messi domina e chuta, mas Sérgio Ramos conseguiu travá-lo.

O Real conseguiu sua melhor chance aos 5 minutos, quando Di María lançou para a área, Puyol e Piqué nã se entenderam, e a bola sobrou para Cristiano Ronaldo, que bateu para boa defesa de Victor Valdés; o português ainda pegou o rebote e chutou em cima do capitão catalão.

E Sérgio Ramos será desfalque na partida de volta, depois de fazer falta em Messi e levar o cartão amarelo. E o nervosismo continuou no segundo tempo após um desarme perfeito de Marcelo em cima de Pedro, que tentou simular falta. O brasileiro tirou satisfação com o atacante espanhol.

E logo depois, aos 15 minutos, Pepe foi expulso ao solar Daniel Alves em disputa de bola. E claro, muita pressão para cima do árbitro alemão. José Mourinho, que sempre diz ser difícil jogar contra o Barcelona por dizer que sempre tem um jogador expulso, também foi excluído do campo por Wolfgang Stark.

Mesmo com um a menos, o Real Madrid chegou com perigo aos 20 minutos em novo cruzamento na área do Barcelona, com Cristiano Ronaldo cabeceando por cima do gol de Victor Valdés. E os catalães quase abriram o placar aos 22, quando Xavi deu passe para Villa na esquerda, que cortou para o meio e chutou para grande defesa de Casillas; no rebote, Pedro cabeceou para fora.

Com vantagem numérica, o Barcelona conseguiu abrir o placar aos 31 minutos com o artilheiro Lionel Messi: em boa jogada individual, Afellay, que tinha entrado no lugar de Pedro, driblou Marcelo e cruzou para o argentino se antecipar a Sérgio Ramos e mandar por baixo de Casillas. Este foi o primeiro gol do melhor do mundo em uma semifinal de Champions League.

Melhor em campo, o time catalão sacramentou o 2 a 0 com uma pintura de Messi: ele arrancou da intermediária, passou por Lass Diarra, Sérgio Ramos, Albiol e Marcelo e tocou na saída de Casillas.

Com os gols sofridos no Santiago Bernabéu, o Real Madrid não igualará a marca do Milan campeão de 1992/1993, que não tinha levado gols em casa pela Liga dos Campeões.

FICHA TÉCNICA
REAL MADRID 0 X 2 BARCELONA

Local: Estádio Santiago Bernabéu, em Madri (Espanha)
Data: 27/04/2011, quarta-feira, 15h45 (de Brasília)
Árbitro: Wolfgang Stark (ALE)
Assistentes: Jan-Hendrik Salver e Mike Pickel (ambos ALE)
Cartões amarelos: Arbeloa, Sérgio Ramos e Adebayor (Real Madrid); Daniel Alves e Mascherano (Barcelona)
Cartão vermelho: Pepe (Real Madrid); Pinto (Barcelona)
Gols: BARCELONA: Messi, aos 31 e aos 43 minutos do segundo tempo

Real Madrid: Casillas; Arbeloa, Sérgio Ramos, Albiol e Marcelo; Pepe, Lass Diarra e Xabi Alonso; Özil (Adebayor), Cristiano Ronaldo e Di María. Técnico: José Mourinho.

Barcelona: Valdés; Daniel Alves, Piqué, Mascherano e Puyol; Xavi, Busquets e Keita; Pedro (Afellay), David Villa (Sergi Roberto) e Lionel Messi. Técnico: Josep Guardiola.