segunda-feira, 14 de março de 2011

A2: Imprensa passa a limpo o perfil da crise no São BentoMaioria dos jornalistas acham que Azulão não cai mas falam em reestruturação e uma gestão mais profissional Sorocaba, SP, 12 (AFI) - Em semanas onde a crise do quase centenário Esporte Clube São Bento atingiu níveis históricos com greve dos jogadores, dois meses de atraso de salários, atletas indo embora, falta de dinheiro, anúncio adiantado de duas rendas penhoradas pela justiça, crise de relacionamento entre os profissionais e direção e derrota num dérbi, além do aumento do risco de rebaixamento para a Série A3, o Portal Esportivo Regional ouviu vários jornalistas e repórteres de Sorocaba para falarem dos temas.


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Algumas questões foram sugeridas: 1 – O Bentão cai ou não; 2 – Como o clube chegou ao atual estágio alarmante; 3 – Se há culpados pelo atual momento, quais são eles. Confira abaixo as respostas da imprensa:

Precisa cair para se estruturar
O experiente jornalista sorocabano a falar foi Rodrigo Alcântara, do Jornal Bom Dia. Para ele, que acha que o time não cai, seria preciso tomar um “choque” com o rebaixamento para o clube “acordar”: “Acredito que o São Bento não cai porque existem times, como o Rio Branco, por exemplo, que são piores e não alcançarão o São Bento na tabela. Porém, como já disse até mesmo para o próprio presidente Luis Manenti, o São Bento precisa cair para conseguir se estruturar. Montar um time com custo totalmente reduzido, com jogadores de raça, que subam da A3 para a A2 com força” disse o jornalista, que segue seu raciocínio:

“O clube não pode viver na dependência de empresários. Há uma necessidade real da diretoria em ter todo o elenco e jogadores na mão. Daí reafirmo. Com um dia-a-dia cheio de dívidas, o São Bento precisa de respiro para se reestruturar. Não adianta sonhar com acesso, sem ter como pagar salário de jogador. A diretoria também precisa trabalhar alheia ao apoio de empresários. Já temos exemplos claros que as empresas só patrocinam quando o time está lindo, na primeira divisão, ou fase muito boa” .
Alcântara foi mais fundo em sua análise e falou das diretorias anteriores: “Os culpados pela atual situação do São Bento são os presidentes das épocas passadas, antes do David Ferrari. Houve pouca dedicação ao clube, querendo mandar no time por puro status. A diretoria de hoje tem culpa? Em alguns aspectos sim, mas não dá para crucificar um ou outro. Agora é a hora de se sentar e levantar os erros, para que não sejam cometidos de novo.Errar é humano, repetir o erro é burrice”, destacou Alcântara.

Gestões desastrosas
Para outro experiente jornalista, Amilton Lourenço, do Jornal Cruzeiro do Sul, que há muitos anos cobre o futebol de Sorocaba e o São Bento o jogo chave do Bentão é contra o Palmeiras “ Como o Luiz Müller (treinador), declarou após o jogo contra o Atlético, o jogo chave para o São Bento será contra o Palmeiras B em Sorocaba. Vencendo essa partida, creio que ele elimina a possibilidade da queda até porque seus concorrentes diretos também (inclusive o Palmeiras B) têm pedreiras pela frente”, analisou o jornalista, que falou ainda da crise por qual passa o clube:

“A crise é histórica. Uma sequência de gestões desastrosas, conduzidas por pessoas muito mais interessadas em benefícios pessoais do que no clube. Não há necessidade de citar nomes, a própria história do clube revela muito mais pontos negativos do que positivos na área administrativa. É uma pena porque ontem (quarta) no dérbi ficou provado que as pessoas gostam do São Bento, mas os dirigentes nunca ajudaram.
O jornalista também falou da solução, ao seu ver, para tirar o Bentão da atual situação: “Para começar é necessário gerar credibilidade (o que a atual diretoria prometeu e não conseguiu). Digo gerar e não resgatar porque você só resgata aquilo que um dia existiu e não é o caso. Como se faz - por meio de pequenas ações, no dia a dia. Menos entrevistas coletivas (menos vaidades expostas) e mais trabalho. Se não consegue gramar um campo de futebol, não promete construir um centro esportivo no Humberto Reale (e por ai vai). Quando as pessoas (que não são burras) sentirem que as ações dos dirigentes são mais evidentes do que seus discursos, todos passarão a abraçar o clube”, concluiu o jornalista.

Pura matemática e o futuro
Outro experiente jornalista sorocabano e hoje professor em uma universidade da região, Pedro Coubassier, ex-TV Tem e Jornal Cruzeiro do Sul, também falou da situação do clube. “De cair, pode escapar. Afinal é matemática pura: Só não ficar nas duas últimas colocações e hoje tem três times abaixo. Porém, para isso é preciso ver se o grupo termina com, pelo menos 15 jogadores. Pelo que li na imprensa, tem gente querendo sair. E acho que o jogo contra o Palmeiras B, daqui há duas rodas, é fundamental. Será preciso ganhar dos caras que estão abaixo. A perspectiva é perder dos times mais bem classificados. Então, já "ganhamos" do Rio Branco e empatamos (fora) com a Barbarense. Acho que se vencer o Palmeiras B, no CIC (e isso é importante), o São Bento deve se manter na A2”, sustentou Coubassier

Ele falou ainda do futuro do Azulão:Aí é mais complexo. Acho que o São Bento chegou a uma situação que tem de se pensar. Pensar, refletir mesmo: Ou se transforma e entende que o futebol do século XXI é diferente do da década de 1960 do século XX ou fecha para balanço - CT, campo próprio); e explora placas publicitárias...Ou fica pedindo esmolas, como é a situação de hoje”, comentou o jornalista que seque em seu raciocínio:

“Mas acho que a atual diretoria tem uma culpa sim: Criticou diretoria passadas... fez força para pegar o poder... E quem faz isso tem de ter um plano. De boa vontade, o inferno está cheio (diz o ditado). Se eu quero ser presidente de algo, tenho de ter um plano e um projeto de sustentação. No ano passado até tinham, mas perderam os apoiadores fortes. Isso só pode ser fruto do amadorismo e ineficiência do comando. Conheço alguns diretores e percebo vontade, mas pouca eficiència e certo grau de amadorismo. Isso é mortal no futebol contemporâneo”, finalizou Coubassier.

Passou da hora de reestruturar
Para o repórter Adriano Castor, da Equipe 10 e rádio Super FM, o atual caos que chegou o São Bento, tem culpados sim, a diretoria. “A diretoria atual tem culpa sim. Faltou base principalmente em termos de mercado da bola. Outra coisa. Desde que assumiu a atual diretria foram três movimentos de greve e sempre se culpou os jogadores. Falta humildade da atual direção em assumir seus erros. No primeiro ano tinham três patrocinadores fortes e mesmo assim houve ameaça de greve e disseram que o Fabiano e o Vizoto foram os culpados. Na Copa Paulista idem e agora na A2 o caso se repete. Será que só os jogadores são os culpados?”, afirmou o repórter que falou ainda do risco de rebaixamento:

“Eu acho que o São Bento cai para a A3 se perder para o Palmeiras B. Mas é uma situação vexatória para o torcedor, ter que torcer para os outros perderem e não conseguir torcer pelo próprio time. Acho que precisa de mais apoio, de uma reestruturação de longo prazo, economizando dinheiro do futebol para o trabalho de revelação de novos talentos no futebol. Vejam o exemplo do trabalho social do rival, Atlético Sorocaba que tem um trabalho de planejamento e visando o futuro e ao mesmo tempo estruturando. Aliás também como faz bem o Red Bull e outros clubes que não tem a tradição do São Bento”, afirmou Castor.

Anos de descaso
O repórter e setorista da rádio Cruzeiro FM, Caio Rossini foi outro a tecer seus comentários da aguda crise por qual passa o Bentão: “O time não cai, primeiro pela tradição e também porque Rio Branco e Palmeiras B são inferiores. O Palmeiras B pode até melhorar, mas já tá tarde para a reação. Por outro lado, a atual crise chegou por anos de descaso. É dificil apontar culpados, mas isso não apareceu do nada. É uma bola de neve. Começa pequena, quando vai ver, tá enorme. Também não vejo culpados. Todos tentaram ajudar o São Bento da forma que achou correta. Não acredito que atrapalhem o time por maldade pura. Mas não duvido que isso aconteça”, sustentou Rossini.

Olho do furacão
Para a jornalista Jaqueline França, da TV Record Paulista, a atual diretoria está fazendo, ou tentando fazer, um trabalho de reestruturação, mas no “olho do furacão”. “ O time tem problemas que se arrastam há décadas. No meu ponto de vista, o que precisa é ajustar as dívidas do time pra que eles não percam as rendas. E outra. Não pode haver ingenuidade na hora de fechar com patrocinadores, um problema que houve desta vez. não acho interessante apontar culpados. O que vejo são pessoas interessadas em resolver a questão. Então, a solução vem a médio prazo. O time não tem de pensar em acesso, nada disso. Preciso ajustar suas contas, o que pode levar uns dois ou três anos. Depois disso, vai ter mais credibilidade para conseguir patrocinadores”, explicou a jornalista

Não é caso perdido
Segundo o narrador Fausto Favara, há quatro anos na rádio Capital São Paulo, o São Bento tem jeito sim e explica: “O grande problema é que todos sabem que não tem futebol bom sem dinheiro, e infelizmente o São Bento tem pouco apoio das empresas e muito menos da prefeitura. Hoje futebol é grana e não tem jeito. Por outro lado, o radialista sorocabano acredita que o time, mesmo na atual situação, escapa do rebaixamento: “Felizmente o Rio Claro e o Palmeiras B estão bem fracos e torço demais para que escapa. Não será fácil mas acho que escapa”, disse
Diretoria é responsável pela atual fase
O narrador da rádio Cacique de Sorocaba, ex-Cruzeiro FM, Vander Paiffer também deu sua opinião. “O São Bento escapa porque o Palmeiras B e o Rio Branco são piores. E tem mais, chegou a esse ponto por falta de planejamento e dinheiro. Em minha opinião os grandes responsáveis são os diretores. Sobre o futuro do time só deve ser melhor se alguém com dinheiro assumir, caso contrário a situação só tende a piorar” finalizou.

Crise crônica
Jornalista José Jesus Vicente, hoje na assessoria de imprensa do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba, tem uma opinião peculiar da crise do Azulão:

“ Primeiro acho que o São Bento não cai. Em segundo, a crise é crônica e vem muitos anos. A culpada não é só a atual diretoria mas pelo menos as cinco últimas diretorias. Além, claro, da Federação Paulista que repassa R$1,8 milhão para um clube participar de primeira divisão e apenas R$ 80 mil para os da segunda e só R$ 40 ao da terceira. Na minha opinião a solução para o São Bento e vários outros clubes que estão lá em baixo, como Juventus, Taubaté, Francana e Inter de Limeira, é recomeçar de novo. É preciso planejamento de longo prazo com visão de se construir um clube, não um time de futebol”, finalizou o jornalista.

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