sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Evra dispara contra o Arsenal: "não passam de um centro de treinamento"

Quer uma combinação boa? Lateral esquerdo, francês – seja lá qual for a sua origem, senegalesa, camaronesa. Passa por aí o segredo para uma boa entrevista. Já falei para os meus colegas aqui. Temos que ir atrás desses caras. Brincadeira, claro.

Mas é de admirar nos dias de hoje, em que assessorias tentam de todas as formas blindar os personagens da bola, ler, ouvir entrevistas como as que andaram concedendo por aí Assou-Ekotto e Patrice Evra.

A do jogador do Tottenham é mais antiga. Foi dada em maio deste ano ao jornal inglês “Guardian”. Talvez uma das melhores que eu já li por aí, em 20 e poucos anos – opinião respaldada por gente de muita mais experiência e que entende da coisa, caso do colunista do “El País”, John Carlin. A entrevista toca numa das feridas do futebol, fala sobre dinheiro, a motivação dos atletas, mercenários. Sem meias palavras, Ekotto escancara: “jogo por dinheiro, futebol não é a minha paixão”.

Polêmica? Também. Mas o papo é bacana pela sinceridade, pelo jogador falar o que realmente acha. Pode soar nocivo, talvez seja, mas é ele ali, não uma opinião fabricada, um discurso pronto, coisa tão comum hoje em dia.

Evra vai pela mesma linha. Também polêmico, igualmente sincero, dispara em entrevista ao Canal+”: “para mim, o Arsenal não passa de um centro de treinamento. Você vê, te divertem, mas, no final das contas, você vai ganhar algo? É isso que as pessoas irão lembrar. Faz mais de cinco anos que eles não vencem nada. Para um time como o Arsenal, isso significa crise”.

O atleta do Manchester United ainda foi além. Disse que, apesar de os Gunners estarem hoje na ponta da Premier League, é com o Chelsea que se deve preocupar. Eles são os verdadeiros inimigos.

Na veia, não? Pois bem, vamos por partes. 1) não dá mesmo para se empolgar com a posição do Arsenal. Já estiveram por lá outras vezes e não deu em nada 2) duvidar da força dos londrinos, OK, mas daí a chamá-los de “centro de formação” é um pouco demais.

Tudo bem, nos últimos anos, o time de Wenger não tem passado disso, de promessas que parece que nunca irão vingar e sempre ficam pelo caminho ou partem para outros clubes. Mas há muito mais a se ponderar quando se fala da turma do Emirates. A sua contribuição para o futebol, a sua filosofia de jogo. Ontem mesmo, lia algumas entrevistas do Ángel Cappa, um desses gênios da bola que muita gente desconhece ou simplesmente ignora, e ele relembrava a campanha daquele excelente Hurácan de 2009, de Defederico e Pastore. Aquele time, afirmava, tinha como espelho o Arsenal, era nele que aqueles garotos que brigaram até a última rodada pelo título com o Vélez buscavam inspiração.

O Arsenal é bem isso nos dias de hoje. Pode ser o time do futuro, que não vai segurar a bronca até o final. Mas é preciso respeitá-lo. Wenger tem muito mais do que um centro de formação ao seu dispor.

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