quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Raonic, o Australian Open e a escola espanhola de tênis

Ainda não se sabe bem onde Milos Raonic pode chegar. Na Austrália, já há quem tenha cunhado um fenômeno com o seu nome. A empolgação não para por aí. Na sexta-feira, através de seu Twitter, o ex-jogador John McEnroe descrevou o garoto de 20 anos como “the real deal”. Não é pouca coisa.

Raonic está apenas em seu segundo ATP e já faz história. Após ser eliminado ainda na primeira rodada do US Open, o tenista nascido em Montenegro, mas que defende o Canadá desbravou todo o qualifying para chegar até a chave principal do Australian Open. Por lá, o número 152 do mundo bateu gente mais experiente e muito melhor rankeada – caso de Mikhail Youzhny (10) e Michael Llodra (22).

Nesta terça, a jovem revelação acabaria sucumbindo diante do espanhol David Ferrer nas oitavas de final. Se tivesse atingido as quartas, igualaria a campanha de Goran Ivanisevic em 1995 e superaria o feito de Marcos Baghdatis, o último a avançar tão longe vindo do qualifying, ainda em 2005. Com um pouco mais de otimismo, quem sabe, poderia repetir a história de Andre Agassi e conquistar o torneio já em sua primeira participação.

Mas, bem, não faz mal. Na próxima atualização do ranking, deveremos ver Milos Raonic entre os 100 melhores. A ressurreição do tênis canadense? Ele já é o número 1 do país, sendo o primeiro jogador local a alcançar as oitavas desde Daniel Nestor, em Wimbledon 1999.



Não é esse, porém, o principal ponto da coisa. O jogador que mora no Canadá desde os três anos pode até chegar muito longe. Para se ter uma ideia, quando alcançou as oitavas em Melbourne, Baghdatis ocupava apenas a 155ª posição no ranking. O que chama a atenção nisso tudo é a forma como o tênis espanhol vai expandido a sua filosofia no esporte. Há no país a crença de que falta renovação entre os atletas, um temor pelo futuro – mesmo com o avanço de cinco jogadores do país para esta última fase.

Algo que poderia ser resolvido com uma maior aposta pelos técnicos da casa. Alguns deles já vêm conseguindo bons resultados. Não necessariamente na Espanha, contudo. Raonic, por exemplo, é treinado por Galo Branco; José Higueras comanda a federação norte-americana; Felix Mantilla, a australiana; e Alex Corretja e Toni Colom atuam na Inglaterra.

É esse o modelo hoje para buscar algum espaço no mundo do tênis? Não custa lembrar, o Brasil confia o seu projeto de reestruturação num ex-jogador espanhol – Emilio Sánchez.

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