domingo, 26 de dezembro de 2010

Retrospectiva: mitos caem e descansam, Murer usa 'vácuo' e Cielo faz história

O ano de 2010 ficará marcado nos principais esportes olímpicos pelas derrotas seguidas de descanso, forçado ou não, de dois mitos das últimas Olimpíadas, em Pequim, na China, o brilho de Fabiana Murer no 'vácuo' deixado pela musa e estrela do salto com vara e a volta por cima e o fechamento de temporada com marcas históricas de César Cielo Filho na natação. Nota: outros esportes olímpicos de relevância já tiveram ou ainda terão sua retrospectiva à parte, casos de vôlei e basquete, por exemplo. Consulte o calendário no fim da página.

O que você vai ler agora faz parte de uma série de reportagens especiais produzidas pela equipe do ESPN.com.br relembrando o que de melhor aconteceu no ano de 2010. Já revivemos os principais fatos dos esportes norte-americanos, a conquista mundial do vôlei, a Libertadores do Inter, que abriu uma discussão sobre o melhor clube brasileiro da década, as grandes lutas do MMA, o fracasso do trio-de-ferro paulista e a Copa do Mundo na África do Sul. E ainda tem muito mais pela frente nos próximos dias.

Sobrando em suas modalidades, Yelena Isinbayeva e Usain Bolt tropeçaram na temporada e decidiram imediatamente recorrer a uma pausa. No caso da russa, campeã em Pequim e recordista mundial com 5,06m, por decisão pessoal; no do jamaicano, outro campeão em 2008, a alegação oficial foi uma lesão nas costas, que curiosamente apareceu em agosto após sua primeira derrota nos 100m rasos depois de dois anos. O norte-americano Tyson Gay foi seu algoz na prova disputada em Estocolmo, na Suécia, pela Diamond League.

A musa russa optou por parar antes, logo em abril, após fracassar no Mundial Indoor de Doha, no Catar. "Depois de mais de oito anos de treino puxado e competições em alto nível, tanto indoor quanto outdoor, eu preciso dar um passo para trás para cuidar da recuperação do meu corpo. Minha intenção é manter os treinos e a forma física", explicou. A atleta, que já quebrou o recorde mundial do salto com vara 27 vezes, já tinha caído no Mundial outdoor em Berlim, na Alemanha, em 2009.

A notícia abalou o atletismo, mas foi perfeita para Fabiana Murer. A brasileira não só ganhou o Mundial no Catar como aproveitou o 'vácuo' da russa para seguir como principal atleta da modalidade, vencendo quatro etapas e conquistando a Diamond League, principal competição da IAAF (Associação Internacional das Federações de Atletismo) na temporada, com sobras. Foi tão bem que começou a trabalhar para saltar ainda mais alto (sua melhor marca é de 4,85m - muito longe dos 5,06m de Isinbayeva), passando a percorrer os 36 metros até o sarrafo em 18 passadas e usando varas maiores e mais fortes, de 4,65m - antes dava 16 passadas e usava instrumentos de 4,55m.

Coroou 2010 com o prêmio de Atleta do Ano oferecido pelo Comitê Olímpico Brasleiro (COB), batendo César Cielo. Mas não terá vida fácil em 2011, pois Isinbayeva, agora mudada e descansada, estará de volta em Fevereiro, no 'Estrelas do Salto com Vara', evento organizado pelo mítico Sergey Bubka e que acontecerá em Donetsk, na Ucrânia. ""Talvez antes eu não desse tanto valor às coisas como deveria. Para mim, o 'ganhei' não era nada especial. Mas é especial, e agora eu entendo o que significa ser a melhor do mundo. Por isso estou realmente com sede de competir", disse a russa. Murer que se cuide.

Cielo falha em seu objetivo pessoal, mas retoma hegemonia e crava marcas históricas

Depois de ser especulado no Corinthians, César Cielo acabou saindo do EC Pinheiros e indo nadar pelo Flamengo em 2010. Representou o clube em competições nacionais, é verdade, mas continuou sua rotina de treinamentos em Auburn, nos Estados Unidos, o que já repete desde 2006. E estabeleceu como sua meta principal vencer o Pan-Pacífico, em Irvine, Califórnia (EUA). A surpresa aconteceu, e o brasileiro falhou. Mas o Mundial de piscina curta, já em dezembro, o recolocou como o maior velocista das águas.

Ouro nos 50m e bronze nos 100m livre nas Olimpíadas de Pequim, Cielo consolidou-se como o mais rápido atleta da natação ao levar ouro nos 50m e também nos 100m livre no Mundial de Roma, na Itália, em 2009. Era, portanto, o favorito para triunfar no Pan-Pacífico, principal competição do calendário do esporte no ano e eleita como seu objetivo principal. Ainda mais depois de começar subindo no lugar mais alto do pódio nos 50m borboleta. Mas havia algo de errado com o atleta de Santa Bárbara D'Oeste naqueles dias de agosto, e a partir daí foram apenas cansaço, bronca e derrotas.

Cielo fez apenas o 11º melhor tempo nas eliminatórias para os 100m livre e só foi à final por conta dos critérios da disputa. Ao sair da piscina, tomou uma 'chacoalhada' de seu treinador, o australiano Brett Hawke: "Nade como eu mando, não como você quer." Não adiantou. Na decisão, fez a distância em 48s48, suficiente apenas para o bronze e muito longe dos 48s15 do norte-americano Nathan Adrian, ouro, e dos 48s19 do canadense Brent Hayden, prata.

"Nossa, foi muito difícil. Mas os 50m eu vou ganhar. Faltou um pouco de treino de base. Estou sentindo dor. No finalzinho, pesou um pouco", lamentou e prometeu depois da prova. Dois dias depois, nova decepção. Cielo nadou braçada a braçada até tocar a borda, mas quando olhou o painel viu que o norte-americano Nathan Adrian, de novo, o vencera e ficara com a medalha de ouro com o tempo de 21s55, apenas dois centésimos mais rápido que ele. O canadense Brent Hayden, que marcou 21s89, completou o pódio.


"Tem que melhorar para o ano que vem. Segundo lugar é uma derrota para mim. É uma prova que eu não estava esperando esse lugar", reclamou e projetou. Mas o 'ano que vem' de Cielo não aconteceu, durou apenas meses, de agosto a dezembro. Cutucado em Irvine, não teve adversários no Mundial de piscina curta em Dubai, nos Emirados Árabes, e faturou em dois dias as medalhas de ouro nos 50m e 100m livre, além de dois bronzes ao fazer parte das equipes de revezamento nos 4x100m livre e 4x100m medley.

As duas vitórias já o recolocariam no topo do mundo da natação. Mas César Cielo fez mais, entrou para a história como o primeiro atleta a unificar os títulos mundiais de piscina tradicional (50 metros) e curta (25 metros) dos 50m e 100m livre e ainda fechou, também de forma inédita, a 'tríplice coroa' da distância menos, já que vinha do ouro em Pequim, em 2008, e do ouro em Roma, no Mundial de piscina tradicional, em 2009. Seria Cielo o maior velocista de todos os tempos? Talvez seja cedo para o questionamento, mas nos números ninguém é, no momento, melhor do que ele.

Calendário da série de retrospectivas do ESPN.com.br:

20/12 - Esportes Norte-Americanos
21/12 - MMA
22/12 - Vôlei
23/12 - Qual o time da década no Brasil, Internacional ou São Paulo?
24/12 - O fracasso do 'Trio de Ferro' paulista
25/12 - Copa do Mundo
26/12 - Esportes Olímpicos
27/12 - Velocidade
28/12 - Tênis
29/12 - Basquete
30/12 - Futebol Nacional
31/12 - Futebol Internacional
01/01 - Pôquer

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