terça-feira, 30 de novembro de 2010

Jornal usa números para sustentar tese da entrega. Mera interpretação

Deu na Folha de S. Paulo: "Time que mais desarma os adversários no Nacional, com média de 124 tentativas por partida, o Palmeiras tentou tirar a bola do Fluminense só 81 vezes na derrota de anteontem, por 2 a 1. No domingo retrasado, quando foi goleado por 4 a 1, o São Paulo fez apenas 82 desarmes, contra uma média de 113 no campeonato".

Há outros números na matéria cujo título, "compadres", mostra ao leitor que o Fluminense enfrentou adversários não tão empenhados nos dois últimos domingos, em Barueri. Faz todo sentido, claro. Em ambas as partidas ficou evidente que, desmotivados por diferentes razões e pressionados a perder por seus próprios torcedores, São Paulo e Palmeiras não tiveram o apetite de outras jornadas.

Isso, claro, não surpreende. Como não surpreende o fato de o Vasco finalizar apenas cinco vezes contra o Corinthians. Uma certa apenas, quando o placar já era de 2 a 0 para a equipe paulista. Pelos números do Footstats, os vascaínos concluem, em média, 14,2 vezes por jogo neste Campeonato Brasileiro. Praticamente o triplo! Está claro que tanto quanto palmeirenses e são-paulinos, os jogadores do clube carioca não estavam tão empenhados.



Há mais jogos nos quais os números podem ser apresentados de maneira a convencer de que um time não estava muito interessado. Caso de Internacional 2 x 3 Avaí, resultado surpreendente que desagradou, claro, a Atlético Goianiense e Vitória, que ainda lutam contra o rebaixamento. Os três pontos coletados em Porto Alegre foram decisivos para que os avaianos escapassem da Série B.

Pois naquele encontro, o Internacional fez mirrados 12 desarmes. Em média, o campeão da Libertadores da América acumula 26,9 por peleja. Certamente não será assim no Mundial da Fifa. Voltemos ao São Paulo, que tem média de 26,2 roubadas de bola por partida, mas que diante do Atlético Goianiense não passou das 14. Sabe quantos desarmes o time efetuou diante do Fluminense? Foram 19. Sim, o pessoal do Morumbi teve menos empenho em Goiânia do que em Barueri.

Olhando os números desta forma, a sensação é de que os são-paulinos não foram menos empenhados apenas contra o tricolor carioca. Fora da disputa, livre de rebaixamento, com as férias batendo à porta, o que esperavam, uma heróica atuação? Ainda mais correndo o "risco" de desagradar à própria torcida ao, em caso de vitória, beneficiar um rival e maior algoz em tempos recentes, o Corinthians.

O Barcelona, que goleou e humilhou o Real Madrid com impiedosos 5 a 0, perdeu para o Hércules, recém-saído da segunda divisão espanhola (vídeo abaixo) na primeira partida da Liga que disputou em seu campo na temporada. Nove titulares do massacre sobre o time de José Mourinho começaram naquela oportunidade. E o Barça teve 71% de posse de bola. Qual a diferença entre os dois jogos? São várias, uma delas, o pique, a motivação.

Mas há maneiras e maneiras de se observar os números. O Coritiba teve média de 25,3 desarmes por partida na Série B. Já campeão, na incrível derrota para o Guaratinguetá, em casa, eles não passaram de 15. Pode parecer que o time não brigou pela bola e por isso perdeu, resultado que rebaixou o Brasiliense. Será? A média de finalizações dos paranaenses foi de 16,8 por partida. Neste compromisso, chegou a 22. Podemos concluir que a bola simplesmente não entrou.

Desinteresse, desmotivação, motivação, pressão de torcida, rivalidade, azar... Coisas do futebol.

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