sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Kidiaba quer voltar a aparecer contra a Inter de Milão

Admito. Não vi muita coisa de Inter de Milão e Seongnam. Fechava uma matéria naquela tarde. Não tenho condições de julgar, por exemplo, se o brasileiro Julio César foi bem, se foi muito exigido. Pelo placar, imagino que não. Dele, ao fim do jogo, creio eu, veio a melhor declaração desse Mundial. Algo constatado por pouca gente. Que só esse visionário foi capaz de atestar.

Falando sobre o goleiro adversário Kidiaba, com quem cruzará neste sábado, Julio reclamou de suas dancinhas, disse que ele queria apenas aparecer. Certeiro. É disso mesmo que se trata a participação do congolês neste Mundial.

Kidiaba quer aparecer, provar seu valor, se recuperar do vexame que foi a campanha do TP Mazembe no torneio passado. Duas partidas, duas derrotas – em uma delas, no entanto, o jogador acredita ter deixado uma má impressão. Briga pelo quinto lugar com o neozelandês Auckland City, e Kidiaba, ainda no início do jogo, abandona o seu gol para desviar a bola com a mão e leva o cartão vermelho direto.

Cogitou até mesmo largar a carreira depois dali. Tinha 30 e poucos anos e um futuro que, refletia, se desenhava ainda junto ao futebol, mas ocupando outra função: a de preparador de goleiros.

Não levou a ideia adiante. Seguiu jogando. Viu o Mazembe começar a sua defesa de título na Liga dos Campeões com o pé esquerdo. Derrota de 1 a 0 para o APR, de Ruanda. Os Corvos se recuperariam do baque. Devolveriam o placar com alguma sobra na volta, prosseguindo na busca pelo bi. Chegariam até lá, não sem antes, porém, terem sua vida agitada mais uma vez por esse mesmo APR. Agora em um torneio festivo disputado na casa dos rivais, com direito à audiência do presidente local, Paul Kagame. Por lá, perderam a cabeça. Sentiam-se humilhados pela arbitragem, pelos anfitriões. Um pênalti acabou sendo a senha para que a coisa saísse do controle e alguns jogadores resolvessem, numa atitude impensada, partir pra cima do juiz. Lusadisu chegou primeiro. Acertou uma voadora. Mputu, que desencadeou a caça ao homem do apito, veio depois, desferindo quase um pisão.

O atacante é um dos melhores jogadores do continente, já esteve por diversas vezes em teste no Arsenal. Nunca deu certo. Naquele dia, contra o APR, fora expulso, se negava a aceitar aquilo, convocou o time a deixar o campo. Não satisfeito com a argumentação dos colegas, decidiu ir ao encontro do árbitro. Kidiaba estava por lá, à sua frente. Foi um dos que tentou para-lo, chegou a tê-lo nas mãos até vê-lo escapar.

Arrependeria-se. Como resultado de toda a confusão, Mputu e Lusadisu terminariam suspensos pela Fifa por um ano. Alguns chegaram a pensar que acabava ali o sonho de título do Mazembe na LC.

Não acabou. Por obra de gente como Kidiaba, que vem de uma época de vacas magras, em que as vitórias eram pagas com coca colas, e que, como você se referiu, meu caro Julio, quer, sim, aparecer.

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