quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Prévia da final da Conferência Americana

Depois de contrariar os prognósticos e conseguir vitórias fora de casa contra times liderados por dois dos melhores QBs da NFL, o New York Jets está a um passo de retornar à disputa de um Super Bowl após 42 anos. Para isso, precisa derrubar o Pittsburgh Steelers, mais uma vez na casa do adversário. A decisão da Conferência Americana terá transmissão ao vivo e com exclusividade dos canais ESPN e ESPNHD a partir das 21h30 deste domingo (horário de Brasília).

É a segunda temporada seguida que os nova-iorquinos chegam à decisão da AFC. Ano passado, com os então estreantes Mark Sanchez e Rex Ryan, os Jets foram derrotados pelo Indianapolis Colts, que na sequência perderia a disputa do Super Bowl para o New Orleans Saints.

Os Jets se reforçaram para 2010 com as contratações de nomes como o kicker Nick Folk, o safety Brodney Pool, o RB LaDanian Tomlinson, o LB Jason Taylor, o CB Antonio Cromartie e o WR Santonio Holmes. Por isso, a equipe era apontada como uma das favoritas ao título antes de a temporada começar.

Depois de derrota em casa na abertura do campeonato para o Baltimore Ravens, os Jets emendaram uma sequência de cinco vitórias consecutivas, até sua semana de folga. O time voltou do descanso perdendo por 9 a 0 para o Green Bay Packers e se recuperou com quatro vitórias seguidas, incluindo duas na prorrogação sobre Detroit e Cleveland. A derrota humilhante por 45 a 3 para o New England Patriots foi o primeiro de três tropeços nas últimas cinco rodadas da temporada regular.

Os Jets se classificaram para os playoffs com o pior ranqueamento entre os times que avançaram e agora tentam ser apenas a segunda equipe da história a vencer um Super Bowl depois de entrar no mata-mata como o sexto cabeça-de-chave. A primeira? O Pittsburgh Steelers de 2005, que ganhou como visitante diante de Cincinnati, Indianapolis e Denver antes de faturar o título em cima do Seattle Seahawks.

Se conseguir derrotar os Steelers, o time verde e branco da Grande Maçã vai ter deixado para trás QBs que dominaram a AFC na última década – de 2003 para cá, a equipe da Conferência Americana no Super Bowl sempre foi comandada por Tom Brady, Peyton Manning ou Ben Roethlisberger.

Mark Sanchez tenta se intrometer no triunvirato mesmo sem encher os olhos dos fãs dos Jets ou dos críticos da NFL de uma maneira geral. O segundo anista começou a temporada muito bem, com 11TDs e nenhuma interceptação nas primeiras cinco partidas – quatro vitórias dos Jets. Logo depois, foram oito jogos seguidos com erros, sendo interceptado um total de 12 vezes, contra apenas 8TDs no período – três derrotas nova-iorquinas.

Na vitória sobre os Patriots no último domingo, Sanchez começou mal, conduzindo o seu ataque por um total de apenas 40 jardas nas três primeiras posses de bola. Depois, aparentemente se acalmou e começou a se soltar, terminando o jogo com desempenho muito bom – 16/25, 194 jardas e três passes para TD.

Desta vez, o desafio é bem maior. Pittsburgh permitiu apenas 6,3 jardas aéreas aos rivais em média na temporada, melhor marca da NFL. Se a secundária dos Patriots era inexperiente, a dos Steelers tem Troy Polamalu. Mesmo não estando 100% (contusão no tendão de Aquiles), o cabeludo é capaz de uma jogada decisiva a qualquer momento – foi assim com a interceptação retornada para TD contra Joe Flacco na decisão da AFC há duas temporadas, no lance que carimbou o passaporte dos Metaleiros para o Super Bowl XLIII. Desde 2008, Pittsburgh acumula 31 vitórias e apenas oito derrotas com o camisa 43 em campo. Com ele fora do time, foram seis vitórias e sete derrotas.

Interessante será ver o duelo de Polamalu com Santonio Holmes, ex-Steelers. Ele foi o herói de Pittsburgh na conquista do título de dois anos atrás, anotando o TD da vitória de virada em cima do Arizona Cardinals por 27 a 23 a apenas 35 segundos do final. O próprio Holmes declarou nas últimas horas que Polamalu é “o melhor jogador de futebol americano com quem ele já jogou ou que viu atuar pessoalmente”.

Mesmo suspenso das primeiras quatro partidas da temporada, Holmes teve um bom campeonato, com 52 recepções nos 12 jogos em que atuou e 6TDs, vários deles decisivos para vitórias dos Jets. Semana passada, ele fez um espetacular mergulho na endzone para receber um passe que deixou os Jets em vantagem de 21 a 11 contra os Patriots no início do último quarto.

Trocado para os Jets no primeiro semestre por conta de repetidos problemas fora de campo, Holmes pode até não admitir, mas o duelo deste domingo tem gosto de revanche. Ele foi um dos alvos mais confiáveis para Mark Sanchez ao longo do ano e certamente seu desempenho terá reflexo direto no sucesso ou fracasso dos nova-iorquinos.

Outro desafio para os Jets será fazer andar o jogo terrestre contra uma defesa que permitiu míseras três jardas por tentativa aos rivais na temporada regular. Foram apenas 62,8 jardas pelo chão por partida e somente cinco TDs terrestres sofridos. Em todos esses itens das estatísticas, Pittsburgh foi o melhor time da NFL. No duelo da fase de classificação, LaDanian Tomlinson e Shonn Greene produziram 89 jardas em 23 tentativas, média de quase 4 por corrida. No total, foram 106 jardas pelo chão para Nova Iorque naquela partida, melhor performance de um time contra Pittsburgh em 2010.

A defesa dos Steelers permitiu APENAS UMA corrida de 20 jardas ou mais na temporada inteira em 333 tentativas dos rivais. O autor da façanha foi Michael Bush, do Oakland Raiders, na vitória de Pittsburgh por 35 a 3.

Enquanto Sanchez ainda busca se estabelecer entre os grandes da NFL, Ben Roetlhisberger vai atrás de seu terceiro anel de campeão do Super Bowl. Esta é a quarta decisão de AFC para os Steelers em sete temporadas, mas no último sábado o time deu a impressão de que o sonho de uma nova conquista ia acabar. Dois turnovers no primeiro tempo colocaram o Baltimore Ravens em vantagem de 21 a 7 no intervalo, mas Big Ben deu a volta por cima: 2TDs no terceiro quarto e em seguida um passe de 58 jardas para o calouro Antonio Brown em uma 3ª para 19 na campanha que terminou com o TD da virada, anotado por Rashard Mendenhall.

O armador dos Steelers tem ótimos alvos para jogadas em profundidade nos jovens Brown, Emmanuel Sanders e Mike Wallace, mas o duelo contra a secundária dos Jets não será fácil. Darrelle Revis e Antonio Cromartie fazem parte de uma das melhores defesas contra o passe de toda a NFL – os QBs adversários completaram apenas 50,7% dos passes contra os Jets, defesa mais eficiente da liga neste quesito. A média de 6,5 jardas aéreas cedidas por lançamento também está entre as melhores. No jogo do dia 19 de dezembro, vitória dos Jets por 22 a 17, Roethlisberger fez 44 lançamentos e acertou apenas 23, avanço médio de 6 jardas, pior marca dele na temporada.

Outra opção é o veterano Hines Ward, MVP do Super Bowl XL, cujos números não foram brilhantes em 2010, mas é sempre perigoso. A atenção extra que as defesas têm na hora de marcá-lo facilita um pouco a vida dos demais companheiros, por isso figuras como Wallace e Brown aparecem.

Uma peça-chave para o ataque de Pittsburgh no domingo pode ser o tight end Heath Miller, que não enfrentou os Jets na temporada regular porque se recuperava de uma concussão. Desde que voltou ao time, produziu 14 recepções e 2TDs em três partidas, incluindo uma visita à endzone na vitória sobre os Ravens.

A batalha nas trincheiras também será interessante quando os Steelers estiverem atacando. Foi diante de Pittsburgh que os Jets tiveram a pior performance combatendo o jogo terrestre na temporada – 146 jardas cedidas, sendo 99 delas para Rashard Mendenhall.

Com defesas tão poderosas se enfrentando, uma boa posição de campo pode ser decisiva para a vitória. Neste ponto, os Jets apostam suas fichas na provável volta de Brad Smith, que não atuou diante dos Patriots com uma contusão na virilha. No duelo da fase de classificação, Smith retornou o chute inicial do jogo até a endzone, anotando um TD de 97 jardas. O camisa 16 teve uma média de quase 29 jardas por retorno de kickoff, segunda melhor marca da liga, atrás apenas de David Reed, do Baltimore Ravens. Para os Jets terem uma boa chance de vitória sem depender muito do braço de Mark Sanchez, Smith terá que tirar alguns coelhos da cartola no domingo.

Os Steelers são mais experientes, estão acostumados com o péssimo gramado do Heinz Field e terão o apoio de 65 mil enlouquecidos torcedores e suas toalhas terríveis nas arquibancadas. Na minha opinião são favoritos, mas os Jets podem sair de campo com a vitória, principalmente pela força de sua defesa e se contarem com um pouco de sucesso no jogo terrestre. Aposto em partida de muitos erros e poucos pontos, em que os kickers poderão ser decisivos. Olho em Brad Smith: se ele conseguir boas posições de campo para Sanchez, as esperanças nova-iorquinas aumentam. Muita gente coloca Pittsburgh como amplo favorito, mas para mim é um jogo de prognóstico dificílimo. Palpite: STEELERS

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