Prévia da final da Conferência Nacional

Chicago Bears e Green Bay Packers fazem a rivalidade mais antiga da NFL, que data dos anos 20. As duas equipes já se enfrentaram 181 vezes ao longo de 90 anos, mas o jogo deste domingo às 18h no estádio Soldier Field será apenas o segundo duelo da história valendo por playoff – o outro foi há quase 70 anos. Quem vencer, estará classificado para o Super Bowl XLV, que acontece no próximo dia 6, em Dallas.

Da única vez em que Chicago e Green Bay jogaram uma partida de mata-mata, os Bears levaram a melhor por 33 a 14 e se classificaram para a decisão da temporada da NFL, quase 30 anos antes da criação do Super Bowl. Aquele duelo aconteceu em 14 de dezembro de 1941, apenas uma semana depois do ataque à base naval de Pearl Harbor, que decretou a entrada norte-americana na Segunda Guerra Mundial.

Leia Mais

VÍDEO: Contra defesa dos Packers, será 'hora da verdade' para Jay Cutler; veja prévia
VÍDEO: Paulo Antunes crê em jogo apertado e com 'pancadaria' entre Steelers x Jets

Voltando a 2010, os Packers dependiam de uma vitória sobre os Bears na última rodada da temporada regular para conseguir a classificação para os playoffs. Com seu time já assegurado no mata-mata, o técnico Lovie Smith ao invés de poupar os principais atletas e evitar o risco de contusões, preferiu colocar todos os titulares em campo. O quarterback Aaron Rodgers não jogou bem nos três primeiros quartos, mas apareceu no último período e conduziu seu time à vitória por 10 a 3.

O camisa 12 de Green Bay vem sendo o melhor jogador dos playoffs até agora. Nas vitórias fora de casa sobre Philadelphia Eagles e Atlanta Falcons, Rodgers acertou 78% dos passes que tentou, para 546 jardas, 6TDs e nenhuma interceptação. Somando-se a esses números a performance na derrota para o Arizona Cardinals na pós-temporada de 2009 – quando Green Bay marcou 45 pontos -, Rodgers soma 10TDs nas primeiras três partidas de mata-mata da sua carreira, um recorde da NFL.

Na semana passada, contra os Falcons, uma performance que o próprio QB considerou a melhor de sua vida – 31/36, 366 jardas e 3TDs. Nas últimas nove partidas, o armador dos Packers vem com um índice de produtividade de 125 (o máximo é 158,3) e acumulou 22TDs, contra apenas duas interceptações – Green Bay venceu sete desses duelos, perdendo apenas para Atlanta (20 a 17) e Detroit (7 a 3).

A defesa dos Packers, que conseguiu oito sacks nos dois jogos do mata-mata disputados até aqui, foi a chave para a vitória na última rodada da temporada regular – anotando seis sacks em cima de Jay Cutler. O QB dos Bears se recuperou na semana seguinte com 274 jardas aéreas e 2TDs, incluindo um em jogada de 58 jardas com Greg Olsen. Chicago bateu o Seattle Seahawks por 35 a 24, na primeira vitória de playoff da carreira do camisa 6. Cutler também correu para 2TDs. Até hoje, só ele e o lendário Otto Graham (3 títulos de NFL nos anos 50 com o Cleveland Browns) conseguiram passar e correr para 2TDs no mesmo jogo de pós-temporada.

Cutler foi um QB mais confiável em 2010 do que havia sido na temporada anterior – embora o número de TDs tenha caído (de 27 para 23), o mais importante foi cuidar melhor da bola. O armador de Chicago sofreu 16 interceptações neste campeonato, dez a menos do que em 2009.

Depois de levar Chicago à primeira vitória de playoff do time desde a temporada de 2006, quando os Bears chegaram ao Super Bowl e foram derrotados pelo Indianapolis Colts, Cutler agora enfrentará um rival diante do qual não tem um grande retrospecto – são quatro derrotas em cinco jogos contra os Packers, com 9INT e 5TDs.

Quando lançar na direção da secundária de Green Bay, Cutler não terá que se preocupar apenas com Charles Woodson, melhor defensor da temporada de 2009. Outra ameaça é Tramon Williams, que interceptou passe de Michael Vick na endzone para selar a vitória sobre os Eagles e conseguiu mais dois roubos de bola em cima de Matt Ryan na semana passada, retornando uma das interceptações para TD no triunfo diante dos Falcons em Atlanta.

As duas defesas são fortes. Green Bay sofreu apenas 15 pontos por jogo, segunda melhor marca de toda a liga, atrás só do Pittsburgh Steelers. A equipe foi a mais eficiente da Conferência Nacional derrubando os QBs adversários (47 sacks) e interceptando lançamentos (24) e também protegeu muito bem contra o passe. Entre interceptações e fumbles recuperados, Chicago roubou 35 bolas, segunda melhor performance da NFC. A defesa, que cedeu menos de 18 pontos por partida, quarta melhor marca da NFL, foi a segunda mais eficiente contra o jogo terrestre.

Com dois sistemas defensivos tão poderosos, a diferença da partida pode estar no trabalho dos especialistas. Na semana passada, Green Bay sofreu um TD de retorno de kickoff de 102 jardas anotado por Eric Weems. Desta vez, o time terá pela frente o melhor retornador de todos os tempos, Devin Hester. O camisa 23 de Chicago tem 14 chutes retornados para TD na carreira, recorde histórico da liga, incluindo uma volta de punt de 62 jardas para a endzone na vitória sobre os Packers no fim de setembro.

Chicago é quem vai a campo como o número 2 da NFC e o mando de campo, mas na minha opinião esse ranqueamento não reflete a força dos Bears. Os ursos não jogaram para tanto em 2010. A vitória sobre o Detroit Lions na partida de estréia da temporada poderia ter sido uma derrota, não tivessem os árbitros anulado o TD de Calvin Johnson a 12 segundos do final – diga-se de passagem, os árbitros ACERTARAM ao anular a pontuação, mas Chicago escapou por pouco. Nas vitórias contra Miami, Detroit na semana 13 e Minnesota, Chicago enfrentou o terceiro QB da equipe rival – Tyler Thigpen, Drew Stanton e Joe Webb respectivamente -, o que, convenhamos, facilitou bem a tarefa. Além disso, a segunda posição da NFC só foi conseguida graças a uma improvável derrota do Philadelphia Eagles em casa para um Minnesota Vikings que teve Webb como QB titular.

Por outro lado, também é verdade que uma grande temporada regular não é garantia de sucesso nos playoffs. É só ver o exemplo do New England Patriots, melhor campanha de toda a liga na fase de classificação e eliminado do mata-mata em casa – pelo segundo ano consecutivo.

Green Bay joga como visitante e apesar de estar acostumado a atuar no frio, deve sentir a pressão do torcedor no Soldier Field. Durante a semana, os cambistas de Chicago compararam a procura por ingressos para esta partida aos tempos em que Michael Jordan levou os Bulls a seis títulos da NBA.

Mas os Packers, depois de uma temporada de muitas contusões e altos e baixos, estão jogando a melhor bola oval dos playoffs até aqui. Aaron Rodgers já fez o torcedor se esquecer de Brett Favre. Além de preciso nos passes, está se tornando um dos melhores QBs do jogo correndo com a bola. A defesa comandada pelo diabo loiro Clay Matthews – 13,5 sacks na temporada regular e mais três em duas partidas do mata-mata – parece em sua melhor forma no ano. É impossível cravar o vitorioso em um jogo como este, que vale passagem para o Super Bowl, ainda mais com tanta rivalidade em campo. Mas Green Bay está em um momento melhor. Palpite: PACKERS