quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Presidente da Rússia exige prisão de 'instigadores do ódio étnico'

O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, determinou nesta quinta-feira a prisão dos "instigadores do ódio étnico", depois dos violentos confrontos ocorridos nos últimos dias em Moscou entre ultranacionalistas e caucasianos.

"A instigação do ódio étnico em nosso país é um crime muito grave. Vocês sabem quantas etnias há e a importância da religião para elas", afirmou Medvedev durante uma reunião com autoridades policiais.

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O chefe do Kremlin, que advertiu esta semana que o racismo, a xenofobia e o ódio religioso "ameaçam a estabilidade do Estado", ressaltou nesta quinta-feira que "os pogroms (termo russo para ataque violento em massa), as brigas e o vandalismo são todos crimes".

"Insisto, estas não são infrações administrativas, mas crimes. Seus perpetradores devem ser presos. É preciso encarcerá-los, e não educá-los. A responsabilidade por essas ações deve ser penal, não administrativa", afirmou.

Medvedev orientou as forças de segurança a impedir todos "os comícios e as manifestações não autorizadas", já que "podem desembocar em ações radicais (...) e ameaçar a vida e segurança das pessoas". "Com aqueles que usam máscaras, não se deve falar. Para que as colocaram? Querem celebrar o Ano Novo? As máscaras em tais ações são símbolo de pertencimento a um bando e é preciso pôr essas pessoas na linha, todas aquelas que saiam às ruas", disse.

A atual tensão étnica entre a maioria eslava e a minoria caucasiana foi iniciada há duas semanas com o assassinato de um torcedor do Spartak Moscou por um caucasiano, durante uma disputa de rua.

Medvedev também pediu a punição dos envolvidos no assassinato, que primeiro gerou manifestações de torcedores radicais em Moscou e, no sábado passado, enfrentamentos violentos com as forças de ordem em frente ao próprio Kremlin. As autoridades consideram que o estopim das confusões foi a decisão da Polícia de libertar os suspeitos do assassinato de Yegor Svirídov, de 28 anos.

"É preciso esclarecer o que ocorreu com esses investigadores. Quem libertou os culpados? Para que o fizeram? Se assustaram? Por dinheiro?", questionou Medvedev, que também criticou os pais dos adolescentes radicais que saem à rua "para se atirar sobre o povo e quebrar vitrines".

O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, afirmou nesta quinta-feira que todas "as manifestações extremistas" devem ser reprimidas, não importa quem forem seus autores, e culpou a negligência policial de estimular os distúrbios.

Putin declarou que os cidadãos devem se sentir seguros em qualquer região do país. "O Estado existe para defender os interesses da maioria. É preciso livrar do medo aqueles que chegam de outras regiões. A Rússia sempre foi multiétnica. Segundo alguns teóricos, estamos mais perto do islã do que do catolicismo", disse.

Ambos os políticos orientaram a Polícia a defender todas as pessoas, independentemente de sua origem e aparência, após as críticas de que os ultranacionalistas agrediram os caucasianos e imigrantes sem que os agentes fizesem nada para evitar.

A Polícia, que prendeu nesta quarta-feira em Moscou mais de mil ultranacionalistas e caucasianos, muitos deles armados com pistolas e facas, continuou patrulhando as praças, o metrô, os mercados e outros lugares de intensa circulação da capital russa.

As detenções de dezenas de jovens radicais continuaram em outros pontos do país, onde vivem 142 milhões de pessoas de quase 200 etnias. As autoridades municipais pediram aos moscovitas que informem imediatamente se virem grupos de jovens agressivos no metrô.

Enquanto isso, o Ministério do Interior russo anunciou nesta quinta-feira que as medidas de segurança para o Ano Novo serão reforçadas para evitar novas tentativas de desestabilizar a situação.

Um porta-voz do Kremlin informou à Agência Efe da reabertura da Praça Vermelha, que teve todos os acessos fechados pela Polícia nesta quarta-feira por temor a confrontos. O ministro do Interior, Rashid Nurgalíev, estimou em mais de 50 o número de grupos extremistas e xenófobos ativos no país, onde várias dezenas de estrangeiros são assassinados anualmente por cabeças raspadas.

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