quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Após perder título, Goiás mistura tristeza e busca de motivação em volta ao Brasil

O sonho do Goiás de conquistar seu primeiro título internacional morreu na noite de quarta-feira, no Estádio Libertadores de América. Em Avellaneda, a equipe caiu por 5 a 3 nos pênaltis diante do Independiente, na decisão da Copa Sul-Americana.

Mas o pesadelo dos jogadores do clube goiano varou a noite argentina, transformando o voo de volta ao Brasil em um encontro de jogadores insones, torcedores ainda incrédulos e dirigentes preocupados com o futuro do clube.

“Como é que dorme, cara?”, perguntou o zagueiro Rafael Toloi, quando questionado por um funcionário do clube se havia pregado os olhos durante a noite. Cabisbaixo, o jogador – formado nas categorias de base do clube – tentava se distrair no freeshop do aeroporto de Ezeiza, nos arredores de Buenos Aires.

“O título estava aqui, ó”, dizia Toloi, com a palma da mão aberta. E repetia uma, duas, três vezes o mesmo gesto. Em conversa com a reportagem do ESPN.com.br, o zagueiro admitiu que a dor da derrota era muito maior do que a perda do título. “A gente não perdeu só a taça. Perdemos a chance de salvar o ano. Agora é buscar motivação para 2011”

O goleiro reserva Fábio, sentado ao lado de Toloi na sala de embarque, também demonstrava cansaço. Uma noite antes do jogo, o barulho dos torcedores do Independiente impedira os jogadores goianos de dormir. Ontem, era o silêncio que incomodava. “Não deu para dormir direito, mesmo. Estou um bagaço”, disse ao companheiro.

“A gente tentava se distrair conversando sobre outras coisas. Mas logo o assunto do jogo voltava. Às vezes, a vontade era de voltar e consertar as falhas”, afirmou Toloi. Segundo relatos de funcionários do clube, a noite foi marcada por jogadores peregrinando como zumbis, conversando em voz baixa e procurando os motivos da derrota.

O goleiro Harlei e o zagueiro Marcão, dois dos jogadores favoritos da torcida, tentavam esquecer – ou pelo menos driblar – a tristeza tirando fotos e dando autógrafos. Sempre com poucas palavras. O arqueiro chegou a dizer a um dos fãs que sentia muito pelo que aconteceu em campo. “Vocês não têm culpa”, disse o torcedor.

As palavras de Harlei e o comportamento de Toloi antes e durante o voo de volta ao Brasil são apenas dois exemplos de um elenco que sentiu muito a perda do título. Após a partida, Wellington Saci e Marcelo Costa choraram copiosamente no vestiário – o lateral voltou ao Brasil em outro vôo, horas antes dos companheiros.

O atacante Felipe, que perdeu o pênalti na disputa que deu a taça ao Independiente, também embarcou antes. Segundo a assessoria do clube, a decisão dos jogadores de voltar em voos diferentes já estava tomada desde a semana passada e não tem relação com o resultado da partida.

O que tem relação, sim, com a perda do título, é o planejamento do clube para 2011. Em vez de disputar a Copa Libertadores, a Recopa e novamente a Sul-Americana, o Goiás deve jogar apenas o Goiano e a Série B do Brasileiro – a presença na Copa do Brasil ainda depende de confirmação da CBF.

A mudança de panorama para a próxima temporada preocupa os dirigentes da equipe. “Agora muda tudo. Vários jogadores devem sair e o time será bem mais fraco do que seria em caso de classificação à Libertadores”, disse um diretor ao ESPN.com.br.

O presidente do clube, Hailé Pinheiro, afirmou que a derrota na Argentina servirá de lição para o futuro do Goiás. “Quando eles foram lá, demos o melhor tratamento do mundo e aqui fomos recebidos muito mal. Temos de aprender como funcionam as coisas nesse tipo de competição”, disse o mandatário esmeraldino.

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